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quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A origem dos pratos da ceia de Natal

 

No Natal sempre nos deparamos com vários pratos diferentes na nossa ceia. Mas você sabe a origem deles? A Rádio Scala Atibaia conta para você.

peruFalta muito pouco para o momento do grande encontro: nós e a ceia de Natal. Essa ocasião exaustivamente repetida, mas nem por isso menos interessante, é um momento desafiador para os glutões e apreciadores da fartura gastronômica. A mesa da ceia de natal do brasileiro costuma ser tão farta, que não é difícil ouvirmos notícias de farofa com sobras de peru ressurgindo até dez dias depois da data. Mas afinal, quem inventou que esses seriam os pratos do natal? Por que comemos peru e tender e não pizza e feijoada? Quem foi que disse que era preciso preencher todos os cantos da casa com potinhos de frutas secas? (Sempre sobra pra você recolher as cascas de nozes e avelãs deixadas por aquela tia que veio do Paraná só para a ocasião, não é mesmo?) Por que nos empanturramos de cereja (essa é fácil – dezembro é a época da fruta, assim como a esquisita e deliciosa lichia)? Se você também encara aquela montanha de fio de ovos sem entender nada, chegou a hora de encher a barriga com um pouquinho de cultura gastronômica. De onde vêm os pratos da nossa ceia de Natal?
Panetone
É fato que ele nasceu na Itália. Uma das histórias mais aceitas é a de que o primeiro panetone saiu de um dos fornos das diversas padarias de Milão, em meados de 1400 d.C. De acordo com essa versão, que já ganhou status de lenda, um jovem padeiro, apaixonado pela filha de seu patrão, elaborou uma versão rudimentar do pão doce para impressioná-lo.
A iniciativa deu certo e a receita fez o maior sucesso entre os clientes do lugar, que pediam insistentemente pelo “Pani de Toni” (pão do Toni). Com o tempo, a palavra evoluiu para “panattón” (vocábulo milanês) e depois para “panetone” (italiano).
Após passar por diversas transformações ao longo dos séculos, o ”pão do Toni” ganhou o seu aspecto atual no século 18, com o formato circular e a disposição das frutas cristalizadas. Há também variações feitas com chocolate, sorvete, e também panetones salgados.
Peru
Um dos pratos mais famosos da ceia de Natal, o peru tem sua origem relacionada aos povos que habitavam a América do Norte pouco antes do “descobrimento” pelos europeus. Natural das florestas da América do Norte, a ave já era domesticada e criada pelos astecas e pelos índios norte-americanos há tempos, sendo tratada com um verdadeiro prêmio quando uma tribo dominava outro território.
Feito em banquetes, o peru era servido acompanhado por cebolas, alho-poró e um molho a base de pimenta. A ave (que até então se chamava “galinha da Índia”) foi levada para o velho continente e em pouco tempo substituiu o cisne, o ganso e o pavão como ave oficial da ceia natalina.
Lentilha
A lentilha é uma comida tradicional de fim de ano devido a uma superstição que herdamos dos imigrantes italianos, que acreditavam que comer lentilha no final do ano traria sorte.  O ditado que diziam era “Lentilha no ano novo, dinheiro o ano todo”. E hoje comemos ela tanto no ano novo como na ceia de natal, afinal, se dá sorte, porque não aproveitar?
Fios de ovos
Segundo vários autores, os fios nasceram no Mosteiro de S. Bento da Ave-Maria, no Porto. Este mosteiro foi fundado em 1518, sob a tutela de D. Manuel, e era povoado por freiras beneditinas. Mas nossos queridos fios amarelos resolveram viajar pelo mundo para fixarem-se como tradição em outras paragens. No Brasil, por exemplo, ficaram tão famosos que é difícil não ver um tender enfeitado com fios de ovos nas mesas ou mesmo nas propagandas televisivas natalinas.
O doce já teve alguns outros nomes antes de se estabelecer como fio de ovos, como: “ovos em fio”, “ovos de fio”, “ovos reais”, “ovos de aletria” ou “aletria de ovos”. Notável, no entanto, é que, ao longo dos anos, se desenvolveu como doçaria autônoma e se expandiu para, primeiramente, complementar outros doces e salgados. Ao que se sabe, os fios de ovos surgem como elemento de enfeite ou guarnição de pratos salgados a partir do século XVII. Na época, havia uma moda ou apreço por composições agridoces e há registros de fios de ovos guarnecendo galinhas, carneiros, pombos, frangos e cabritos.

rabanadaRabanada
O delicioso doce de natal que faz a gente ganhar calorias sorrindo e satisfeito vem de outro continente. Apesar de tão brasileira, a rabanada é uma tradição europeia. A tal da rabanada teria surgido como uma forma de aproveitar os restos de pão duro, para não serem jogados fora.
Segundo Luís da Câmara Cascudo, em seu livro “Dicionário do Folclore Brasileiro”, o nascimento deste prato é associado a Portugal, e os portugueses teriam trazido a tradição para o Brasil, então colônia. No entanto, é possível provar a iguaria em diversos países, como nos Estados Unidos (French Toast), na Inglaterra (Eggy Bread), e na França (Pain Perdu).
Outro nome dado à rabanada é de “Fatia da Parida”, isto porque acreditava-se que o doce auxiliava na produção de leite materno. Seja simples, com leite condensado, com chocolate, brigadeiro, ou qualquer outra complementação, a rabanada não pode faltar na mesa de muita gente no final de ano.
Pernil
O pernil tem origem europeia, e assim como a lentilha, também tem uma superstição no seu uso na ceia de natal, que vem do interior de São Paulo: Come-lo nas festas de fim de ano faz a vida ser empurrada para a frente, já que ele, diferente de outras aves, não cisca para trás.
Frutas secas
A apresentação de uma grande variedade de frutas secas no Natal é mais do que uma questão gastronômica. Elas têm uma ligação muito forte e particular com o solstício do Inverno. Na antiga Roma, eram um presente habitual durante as celebraçõesEram especialmente apreciados pelas crianças, que os valorizavam quer como brinquedos quer como comida. Entre as classes sociais mais elevadas, as frutas secas tornavam-se mais especiais por serem cobertos de ouro, e estas mesmas frutas douradas serviam tanto como presentes quanto como decorações.
Para os romanos, cada tipo de fruta seca tinha um significado especial. As avelãs evitavam a fome, as nozes relacionavam-se com a abundância e prosperidade, as amêndoas protegiam as pessoas dos efeitos da bebida. Por isso, as frutas secas que colocamos à mesa no Natal significam mais do que simples alimentos. Tradicionalmente, fazem parte de um antigo costume romano que promete a ausência de fome, pobreza e protege-nos contra os excessos da bebida.
Bolinho de bacalhau
Assim como outros pratos que compõem a ceia brasileira, o bolinho de bacalhau tem sua origem atrelada aos colonizadores da América. Neste caso, os portugueses. Considerado uma das heranças da culinária mediterrânea, o petisco já era consumido em larga escala há pelo menos dois séculos atrás.
Feito com batata e lascas do peixe, que é fartamente encontrado nos mares da região, o bolinho teve sua primeira versão oficial documentada em 1904, no livro Tratado de Cozinha e Copa, escrito pelo oficial português Carlos Bandeira de Melo, que adotava o pseudônimo de Carlos Bento de Maia.
Sagu
O sagu, hoje uma sobremesa típica da ceia natalina brasileira, começou a ser produzido no Brasil no inicio do século XX pelos irmãos Lorenz descentes de alemães, fabricantes de fécula de mandioca, sediados em Indaial/SC que descobriram a fórmula de fazer pequenas bolinhas de mandioca. A partir da década de 1950, a empresa Cassava com sede em Rio do Sul/SC passou a comercializar o produto que acabou se transformando na principal sobremesa dos italianos da serra gaúcha.
Apesar dessa sobremesa não existir na Itália, os imigrantes italianos se identificaram muito com o sabor do vinho levemente adocicado, enriquecido com especiarias onde flutuam delicadas bolinhas translúcidas de mandioca. Para o deleite final acrescentaram ao serviço algumas colheradas de creme inglês.

Salpicão
O salpicão é uma tradicional salada brasileira, cuja origem atribui-se à cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul. O prato é conhecido pela mistura de legumes e carne de ave desfiada, mas podem existir variações da receita em torno dos ingredientes citados, sendo basicamente composto de frutas como abacaxi, cereja, maçã verde e uva passa, cenoura ralada, batatas, maionese, salsão, pimentão de várias cores, carne de frango ou peru e temperos comuns como sal pimenta.

Fonte: Seleções Reader Digest

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